O foco é no “mineiro mais novo”. Mas antes disso, tenho um pedido e uma dica para o “mineiro mais velho”.
Pedido: Antes de sair correndo para a praia, enche logo umas 05 ou 06 vasilhas de comida para o cachorro. Ninguém é obrigado ir à casa do senhor ou da senhora todos os dias colocar comida para o cachorro ou ficar com ele em casa. Pague todas as suas contas antes de viajar, ou coloque-as em débito automático, ao invés de pedir para o fulano pagar a luz, ciclano pagar o celular, beltrano entregar o cheque para o moço do gás. Poxa! Todo mundo também quer ir pra praia! Se a pessoa está ficando aqui é porque ela está OCUPADA. Não coloque a família inteira em função do senhor.
Dica: economize energia. Pode desligar a televisão… Ninguém mais acredita na lenda de que deixar a televisão ligada na “Rede Vida”, no volume máximo, vai espantar ladrão. Ou o senhor ainda acha que um ladrão vai chegar na porta da sua casa e pensar: “Ah não! A família está toda reunida na sala, às 3 da manhã assistindo Rede Vida. Sujou! Vou embora daqui correndo!”
Voltando ao foco principal…
Lá para o final de novembro, começo de dezembro já rola no MGTV, entrevistas com diversos “profissionais e especialistas” que querem ensinar a gente ir para a praia: “Faça revisão em seu veículo, verifique os freios, não tome sol entre 10 e 16 horas, passe filtro solar, espere meia hora para entrar na água, não coma camarão (esse pra mim é o pior. O camarada quer que eu chegue na PRAIA e NÃO coma camarão??? Vou comer o que??? Pão de queijo?), não use maionese (alguém já usou maionese na praia para alguma coisa?), prefira alimentos leves, sanduíches naturais, beba muita água, etc…” Ah! Vai para o inferno! O que nós queremos é muita diversão! Todo mundo está cansado de saber dessas regrinhas básicas, mas entra tudo num ouvido e sai no outro.
No dia de partir é aquele desespero. Moçada acordando às 4 da manhã pra sair sem tomar café, na certeza de que vai rolar um “Pit Stop” no “Roselanches”. Não sei pra que esse desespero na saída… Parece que a praia vai fugir do lugar. Mesmo saindo de madrugada, alguns homens fazem questão de ir de chinelo, bermuda necessariamente caindo, óculos escuros e sem camisa, para demonstrar que está indo para a praia. Na volta é a mesma coisa, só que o Pit Stop é na “Parada do Alemão”: não sei qual a graça que o povo vê nesse Alemão. Muita fila e Pão de sal velho com salsicha por 15 reais.
As malas são bem variadas… Uns levam muita coisa, outros não levam NADA. Vão de sacolinha do Carrefour, com uma sunga, escova de dente, gel, uma bermuda e uma regata além da que já está no corpo. Cueca, meia, calça, blusa, pasta de dente, shampoo, sabonete é tudo bobagem! Deixa que “alguém” leva essas “besteiras”.
Outra coisa curiosa é a questão do filtro solar. Uns até lembram de comprar, mas pensam: “Ahh… ta muito caro. Com certeza alguém vai levar, aí eu uso e falo que depois compro outro. Só simular que vou repor depois e pronto.” Outros não querem levar mesmo: “ah, pra que? Sol de lá é igual daqui. Nunca uso aqui… Nem sou tão branco… Tá de boa!”
A viagem começa e com ela começa a “Guerra Musical”: qual Ipod ligar, qual música, etc… Meia hora de palestra e discussão pra nada. 10 min depois, tirando o motorista, estão todos dormindo. Chegou no Roselanches, despertador automático! Todo mundo levanta igual louco e daí pra frente é só agitação… Uma parte da moçada come o tradicional croquete de queijo e presunto, outros que querem aparecer tomam cerveja às 7 da manhã e os “ousados e individualistas” comem misto COM OVO, ou pão com linguiça também COM OVO, para ficar fazendo “gracinha” durante a viagem.
No primeiro engarrafamento que acontece no pedágio rola um tumulto total no carro. Cada um quer fazer uma coisa. O motorista flerta com pessoas do carro ao lado, o copiloto aumenta o som, um atrás fuma mais que “puta presa” e o Zé graça da cerveja costuma descer com a bermuda caindo pra fazer xixi no acostamento, enquanto o trânsito não anda. É sempre a mesma história… Lá vai o bestão: ele começa a urinar e o trânsito começa andar… Volta o bestão correndo, rindo, sem chinelo, com a bermuda caindo, pra não “ficar pra trás”.
Na praia propriamente dita, o mineiro é o único que vai com a intenção deliberada de ficar completamente embriagado ao ponto de sair lambendo areia. São coolers e mais coolers de cerveja. Onde tem cooler, tem mineiro: fato! Pra levar o cooler é aquela polêmica pra decidir quem vai carregar. A solução é dada na base do sorteio ou do revezamento.
Enquanto todos buscam paz na praia (locais vazios, mais quietos), nós procuramos o lugar mais cheio, tumultuado e confuso. Afinal, queremos é bagunçar! Escolhido “a dedo” o lugar é a vez da briga do guarda-sol e das cadeiras. Todo mundo anima de gastar um milhão em cerveja, mas ninguém quer gastar um tostão com cadeira e sombrinha. Aluga-se uma cadeira e um guarda-sol. Moçada revezando, de meia em meia hora um tem direito a assentar e um tem direito a ficar em pé na sombra. Os demais ficam sentados na areia (lotando a sunga de areia) ou em pé no sol rachando. Isso acontece no primeiro dia. Nos dias seguintes, o número de cadeira e sombrinha é diretamente proporcional ao número de pessoas com insolação.
Pois bem, todo mundo bem “acomodado” começa a gastação… É comida e bebida sem parar nem um minuto. Empada praiana, camarão (aquele que os especialistas pedem pra gente não comer) e queijo coalho são os prediletos. Especificamente com o queijinho assado, a cena costuma ser bem peculiar: a primeira pessoa que sente um cheirinho mínimo de queijo e percebe qualquer sinal de fumaça na orla, já fica em alerta máximo (mais ou menos o que acontece com o sinal de fumaça para anunciar o novo Papa) e começa a balançar os braços, assobiar e gritar: “ooooo queijinho! Queijo! O do queijo!” Isso porque o cara do queijo está há mais de 1km de distância. O problema desse queijo é que geralmente ele se transforma em uma arma depois de consumido. Ninguém sabe o que fazer com aquele pauzinho pontiagudo. Pessoal costuma cravá-lo na areia! Ideal para furar o pé do alheio.
E o tal do “Biscoito Globo”??? O consumo daquilo é um negócio impressionante! A moçada ama polvinho, farelo e barulho.
Tem também o gênio que se esquece de levar óculos escuros e fica o tempo inteiro pedindo os óculos do amigo para conseguir “olhar” sem ser notado.
Cerveja vai, cerveja vem, bate aquela vontade de fazer xixi… Aí é aquela dúvida: pagar R$1,00 e ir ao banheiro que fica a 100 metros ou não pagar nada e ir no “banheiro gigante e gratuito”? Óbvio! Segunda opção… Lá vai o cidadão… Água na cintura, mãos na cintura e olhar para o “além”. É descarado! Todo mundo sabe que o cara está urinando! E ele acha que está enganando alguém. Ninguém molha nem a barriga! Um ou outro aproveita para dar um mergulho para tirar areia da sunga e farelo de biscoito globo do corpo. Mulher é a mesma coisa, mas ao invés de ficar com as mãos na cintura, costuma ficar fazendo “ondinha” do lado. Jogando água de um lado pro outro, achando que ninguém está percebendo.
Finalmente, gostaria de fazer uma observação sobre o carioca na praia. Eles acham que nós somos ultrapassados, “da roça”, bestas, e que eles são muito “tops”! Aham, tá bom viu… Muito bacana mesmo chegar na praia de gel, sunga “atochada”, com chave de casa, chave do carro, e “walk talk” (Nextel) dependurados na sunga. Eles acham que sunga é cabide e varal. Do nada, cruzam os braços pra mostrar a tatuagem estilo “tribal” e ficam parados, estáticos, olhando para o nada… Só da pra perceber que o cara está vivo quando ele toma aquele “mate de litrão” (negócio além de horrível é porco pra caramba) ou quando toca aquele “pi pi pi” do Nextel e ele começa a gritar pra praia inteira ouvir o que ele fez no dia anterior, como se alguém estivesse muito interessado.
No mais é isso aí pessoal… Com certeza faltou muita coisa, mas é impossível falar tudo. O texto já ficou grande demais!
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